Apesar da vitória do governo do presidente Michel Temer na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, com a aprovação de um relatório contrário à denúncia da Procuradoria-Geral da República que mira o peemedebista, o desfecho ideal ao Palácio do Planalto para a votação do texto no plenário da Casa não se confirmou.
O governo trabalhava para que o parecer do deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) fosse apreciado pelos deputados rapidamente, até a próxima segunda-feira, mas, como o recesso parlamentar começa na terça-feira e seria difícil reunir o mínimo de 342 deputados para a abertura da votação, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acertou com os líderes partidários que a definição será no dia 2 de agosto, a partir das 9h.
Embora o discurso governista valorize o triunfo na CCJ, alcançado graças a 12 trocas de deputados com direito a voto na comissão, e empurre para a oposição a responsabilidade de reunir o quórum necessário, o Planalto receia que fatos novos possam desgastar ainda mais a imagem do presidente nas próximas duas semanas.
Veja a seguir os três principais riscos que Michel Temer sabe correr:
Delação de Eduardo Cunha
Conforme VEJA revelou na semana passada, a delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha já tem 130 capítulos, pelo menos dez deles dedicados a relatar aos investigadores supostos crimes cometidos pelo presidente. O ex-deputado se dispõe a narrar histórias que mostram que Temer não só sabia dos esquemas de corrupção montados nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma como tinha poder de mando sobre eles, além de se beneficiar diretamente das propinas pagas por empresas parceiras do PMDB.
O acordo, que nos próximos dias entrará na fase decisiva de negociação, é visto pela Procuradoria-Geral da República como peça importante para compor as investigações das quais o presidente é alvo. No entender dos investigadores, como partícipe privilegiado da máquina de corrupção montada pelo PMDB no governo federal durante os anos de sociedade do partido com o PT, Cunha tem condições de trazer à luz elementos que possam ajudar a esquadrinhar a cadeia de comando do esquema.
Os representantes do ex-deputado já informaram aos auxiliares do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, além dos relatos que complicam a situação de Michel Temer, ele promete aniquilar os dois ministros mais próximos do presidente: Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
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